Princípios técnicos
O
princípio de análise da NIRS consiste na aplicação do IV-próximo com
diferentes comprimentos de ondas. Baseado nas diferentes características
de absorção e dispersão da luz, ele avalia, de forma quantitativa e
qualitativa, os componentes moleculares de um tecido biológico. Quando a
luz atinge um tecido biológico, sua transmissão nesse tecido depende da
combinação dos efeitos de reflexão, dispersão e absorção. Enquanto a
reflexão é puramente uma função do ângulo de entrada da luz na
superfície tecidual, a dispersão e a absorção são propriedades
dependentes do comprimento de onda da luz irradiante. A dispersão da luz
no tecido é menor com comprimentos de ondas maiores, propriedade essa
que favorece a transmissão do IV-próximo, que possui maior comprimento
de onda dentro do espectro da luz. A absorção, no entanto, é determinada
pelas propriedades moleculares do tecido que a luz atravessa. Acima de
1300 nm, por exemplo, a luz é completamente absorvida pela água nas
camadas superficiais da pele. O espectro da luz visível (abaixo de ~700
nm) é completamente absorvido pela hemoglobina (Hb) e mioglobina, e
também sofre grande dispersão, limitando sua penetração em profundidade
no tecido. Já na região do IV-próximo (entre 700-1300 nm), a luz possui
maior penetração no tecido. Quando irradiada, penetra na pele, no
subcutâneo e no músculo subjacente ou em outro qualquer tecido de
interesse. Uma vez que a luz atravessa o tecido, ela é absorvida por
componentes teciduais (cromóforos), reduzindo a intensidade da luz
incidente. A relação entre a absorção e a concentração de um cromóforo é
dada pela equação de Berr-Lambert:
onde A é a absorbância medida, I0 é a intensidade da luz incidente a um dado comprimento de onda, I é a intensidade transmitida pela amostra, d é o caminho óptico pela amostra (distância que a luz percorreu por ela), ε é o coeficiente de extinção (também conhecido como absorbtividade molar), e c
é a concentração da substância. A lei de Beer-Lambert estipula que,
quando uma luz com comprimento de onda conhecido atravessa uma solução
com uma substância de concentração desconhecida, é possível determinar a
concentração dessa substância com base no coeficiente de extinção e na
distância que a luz percorre na amostra. Assim, o coeficiente de
extinção (que varia, dependendo da substância) estabelece as
características ópticas de absorbância de determinado componente para um
comprimento de onda particular. Essa característica é válida somente
para soluções, e não para tecidos, uma vez que, no tecido, a luz não
atravessa em uma linha reta, pois é absorvida ou refletida em vários
graus pelos componentes teciduais. Isso faz com que a luz incidente do
emissor não atravesse diretamente para o receptor, normalmente
posicionado paralelamente ao emissor. O caminho que a luz percorre pelo
tecido (conhecido como "optical pathlength" - PF) adquire uma forma
curva ("banana shape") e a distância percorrida pela luz é maior do que a
distância entre o emissor e o receptor. Uma modificação da lei de
Beer-Lambert foi necessária para corrigir essas diferenças, a saber:(9)
A = Σε.c.d.DPF
Nessa equação, d
é a distância entre as fontes emissora e receptora de luz, e o DPF é o
diferencial do PF. O conhecimento do DPF torna-se essencial para as
medidas quantitativas realizadas pela NIRS, e é um dos principais
atributos incluídos no algoritmo instrumental dos diferentes métodos da
NIRS. O poder de penetração do IV-próximo no tecido depende basicamente
da d. A maioria dos sensores possui uma d de 2,5 a 3 cm, conferindo um poder de penetração da luz no tecido de aproximadamente 2,0 a 2,5 cm (Figura 1).
Deste modo, a luz IV-próximo atravessa a pele, subcutâneo, músculo e
tecido ósseo, sendo os tecidos cerebral e muscular os dois órgãos de
mais fácil acesso para a NIRS.
POSTADO:POR DANIELA VINHAS.
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